Pelos trilhos
Um transtorno recorrente
Moradores do Simões Lopes reclamam dos trens que cruzam dentro da área urbana da cidade; a STT planeja chegar a um acordo com a Rumo, empresa responsável pelo transporte ferroviário
Carlos Queiroz -
Os trens que passam pelo bairro Simões Lopes estão virando motivo de reclamação. Isso porque moradores e motoristas que passam pelo local afirmam que a passagem dos trens acaba trancando completamente o tráfego de veículos. Sem caminhos alternativos disponíveis, é necessário ficar na fila. Dependendo do número de vagões, a espera pode variar de 30 a 40 minutos. A avenida Brasil e ruas como a Doutor Frederico Bastos sofrem com o fluxo atrapalhado, e até mesmo ambulâncias ficam trancadas em meio aos engarrafamentos.
A rede férrea de Pelotas, por estar situada entre Rio Grande e Bagé, é o único ponto que dá aos trens oriundos destes municípios a possibilidade de se cruzarem. Não há embarques nem descarregamento de cargas aqui, apenas essa passagem. Mesmo assim, o fluxo de trens é grande. Por isso, é comum que eles atrapalhem o trânsito local. No bairro Simões Lopes as reclamações são constantes. Igor Martins e Cassiano Pinho, moradores do Fragata, utilizam as ruas do Simões para transitar pela cidade. Eles afirmam que os piores horários são às 13h e às 18h, pois filas gigantes se formam enquanto os motoristas aguardam. A espera pode chegar a 40 minutos, de acordo com eles. “É horrível”, diz Igor.
A alternativa para resolver o problema seria um antigo sonho da prefeitura, de transferir os trilhos para fora da área urbana. Porém, esse projeto não teve avanços. O secretário de Transporte e Trânsito (STT), Flávio Al Alam, explica que há alguns anos a prefeitura solicitou a retirada dos trilhos. A ideia não conseguiu sair do papel, já que outro projeto (que envolvia a criação de um trem regional que passasse por Pelotas, Capão do Leão e Rio Grande) foi desenvolvido na mesma época. Agora, a ideia é chegar a um acordo com a Rumo - antiga América Latina Logística (ALL) -, empresa responsável pelo transporte ferroviário, para definir horários fixos aos trens. Dessa forma, uma preparação seria feita para evitar transtornos. Al Alam explica que é uma “jurisdição complicada”, pois se trata de área federal, mas que algo vai ser feito para minimizar os problemas. “É um transtorno para o Simões”, confirma.
Ainda de acordo com o secretário, as ferrovias são necessárias e aliviam o transporte de carga. Portanto, é preciso ser feito. Nedi e Tereza Santos moram na rua Frederico Bastos há 48 anos e não veem os trens como um problema. Já presenciaram alguns acidentes, mas nos últimos anos aprenderam a lidar com o barulho.
Tereza se sentia incomodada quando se mudou para lá, principalmente durante a madrugada, mas explica que já se acostumou. Já Nedi, de 81 anos, conta que seu pai era ferroviário, então viveu a maior parte de sua vida na beira dos trilhos. “A mim não incomoda”, afirma. Ana Paula Rocha reside no bairro Simões Lopes e compartilha do mesmo sentimento que o casal. No começo foi difícil se adaptar, mas agora ela não se sente mais afetada.
Urgência
A questão também envolve o atendimento à saúde da população. Ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) já foram vistas paradas em meio às filas que se formam para aguardar a passagem dos trens, sem caminho alternativo. A coordenadora-geral da Samu, Sabrina Lima, admite que houve registros. “Já ficamos presos várias vezes”. Mas ela explica que, felizmente, nenhuma dessas ocorrências causou problemas a pacientes nem influenciou em danos maiores.
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